quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sobre Abandonadores...


Inebriante, cálida, pálida e tremeluzente
a luz da rua chorava vagamente e a brisa
levava pra longe notícias do vento sobre
os entes que partiram e vivem... Eles ao
contrário dos mortos, se foram movidos
pelo itinerário do desprezo, do repúdio,
desamor ou ódio. Os maiores abandonos
talvez sejam os dos vivos, pois que quase
nunca apresentam seus motivos, não falam
abertamente... Saem com sorrisos e levam
consigo as chances de redenção. Quem se
vai, não merece perdão! Merece o mais
absoluto esquecimento! Mas um assim tão
fundo e vasto, que do rosto reste menos que
traços e do nome menos que o som. Nas
histórias eles não merecem ser citados em
nenhuma! E a quem se pergunta por eles
deve-se ignorar completamente como se
fossem temas hereges em nossas vidas...
Eles são fantasmas agourentos de um tempo
em que não nos permitimos amor, e que
se deram assim como encaixes desastrados
que se dão pelos caminhos... Não merecem
citação, nem nada que denuncie a aparição
de suas histórias em nossas histórias. E se
acaso achas que isto é atitude extrema acho,
sinceramente, que nem merecem um poema!

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