quinta-feira, 29 de outubro de 2020

A Origem da Dor...

E no fim das contas todo o sofrimento humano tem origem na falta de amor.

A falta de amor pela terra e seu povo cria os corruptos.

Falta de amor pelo próximo cria o abandono, a indiferença, o abuso até a violência.

A falta de um amor pela humanidade e as gerações futuras gera a degradação do meio ambiente.

A falta de amor cria memórias de sofrimento que se repetem e repetem, e geram mais desamor.

A falta de amor pela vida causa indiferença com os seres menores ou mais frágeis que nós.

A falta de amor está matando este mundo dia a dia...

E os professores do desamor são muitos:

A política, que é um desamor que diz que quer ajudar.

As ideologias, que são desamores que afirmam que querem libertar.

As religiões, que são desamores que alegam querer integrar.

O desamor é vendido com a capa de um caminho libertador.

Enquanto o amor é apresentado nos livros, filmes e novelas como um caminho de dor...

Quando só o Amor ajuda, só o Amor liberta, só o Amor integra...

E isso tudo sem matar a política, as ideologias e as religiões, pois que todas elas nasceram de uma ânsia por Amor...

O Amor é sair de si mesmo por um momento, e levar em conta o vazio de amor do outro

A fragilidade do outro

O sofrimento do outro

Os sonhos dos outros

E permitir que ele seja preenchido, acolhido, aliviado, realizado...

Porém, os professores do desamor são vários e estão por toda parte

Nos programas de tevê, do rádio, no horário eleitoral, nas conversas de bar...

Enquanto pessoas carentes se jogam de prédios, massacram os filhos, esposas e maridos

O vizinho, o cara do bar, apontam culpados, e criam mais desamor!

Semeie amor, antes que morra, antes que seja tarde, ou antes que esse mundo não suporte, e se acabe!


terça-feira, 13 de outubro de 2020

Abigail - A Bruxa do Amor



Ela tomou coragem, vestiu casaco e botas e foi enfrentar a chuva. Pegou sombrinha e se foi rua a fora naquele fim de tarde frio de sábado. Dirigiu-se à casa da velha, a luz da sala estava acesa. Subiu a escadaria e tocou a campainha. Abriu a velhinha miúda, frágil, de olhar manso...

- A senhora faz uma poção pra mim?

- Oi filha, tomou coragem é? – Disse a velha Abigail com um sorriso maroto.

- Pois é! – Disse a mulher meio constrangida.

Sentando na poltrona castanha em que assistia tevê dirigiu-se à sua visita inesperada que se arranjou pelo sofá, e disse:

- Preciso te avisar de três coisas muito importantes... A primeira delas é que pode não acontecer nada. Ao contrário do que se pensa o amor não é pra todo mundo. Tem pessoas que tem essa sina de ficarem sós pela vida, ou de nunca encontrar uma parceria amorosa de verdade... – A mulher engoliu em seco – A segunda coisa é que é bem provável que não saia como você sonha... Pode não ser o homem dos seus sonhos, ter os braços, olhos e boca que deseja, mas ainda assim será um amor... O seu AMOR entendeu? – Ela acenou a cabeça como uma criança atônita – E por fim – Completou a velha e doce Abigail, eu não sei quanto tempo levará! Esse encontro faz parte de um ciclo maior que foge à minha compreensão, eu só sei juntar os elementos que poderão magnetizá-lo até você se for o seu destino... Entendeu minha filha? – Ela acenou a cabeça positivamente, mas estava visivelmente tensa!

- Mas a senhora não sabe me dizer se o amor está ou não no meu caminho? – Perguntou timidamente, com um nó na garganta.

Minha filha me perguntam isso com tanta frequência que criei um quarto aviso, mas como ele é recente e eu velha, acabo me esquecendo. Pois bem, o quarto aviso é: sou uma bruxa e nem todas as bruxas sabem do futuro ou leem oráculos. Ganhamos um único dom, as bruxas de mentira que você procurou é que dizem fazer uma porção de coisas. Elas nada sabem de magia de verdade. Todas nascemos com um só dom, nascer com ele é um presente, descobri-lo é uma segunda dádiva, e focar nele por muito tempo é que te faz uma Mestra...  O meu dom é o de atrair o amor, para os que tem ele no caminho, mas que se afastam dele por algum motivo.

A mulher estava de novo petrificada, achando que não entendeu direito tudo aquilo, mas se calou.

- Bom – Disse Abigail – Agora presta atenção em tudo o que vou precisar...

E veio uma lista de coisas estranhas, ervas secas, frutas frescas, penas brancas obtidas sem o sofrimento do animal, e isso tudo até a véspera da próxima lua cheia. Ela correu, e quando chegou o dia tudo foi meio constrangedor, teve de dormir nua à luz do luar, depois que a velha passou um óleo de odor doce e amadeirado no corpo dela, enquanto entoava um tipo de prece... 

Quatro longos meses se passaram e, de repente, aos olhos da mulher o Bruno, o do bairro, saltou aos olhos... O Bruno? – Se indagava ela – Ele tinha quarenta e poucos anos e só usava bermuda e chinelo e, no máximo, com muito frio, moletom e tênis! Boca grande demais, olhos pequenos, nariz largo... Não parecia inteligente. Com o tempo, porém, o Bruno ia ficando mais e mais interessante. Detalhes que se revelavam, braços fortes com mãos grandes e firmes, sorriso fácil. Acolhia animais pelos caminhos. Quando deu por si estavam rindo juntos, ele se apresentou aos gatos dela, cozinhou pra ela. Descobriu que ele morou no exterior, e que era bem mais interessante sem suas roupas. Gostava de ficar debaixo das cobertas no inverno, de cozinhar, e de passeios na praia no verão. Tudo foi muito rápido, intenso... Um dia entrando no carro ela viu a Abigail lá na sua porta, a velha deu de ombros num sorriso meigo e maroto do tipo: “Pois é!”, a mulher antes de entrar no carro imitou o gesto, revirando os olhos pra cima como quem diz: “Nunca fui tão feliz!”... E partiu!

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Sanha


Talvez um pouco mais de magia,

um pouco menos de nostalgia, 

menos medo das sombras e da ventania,

do invisível e do absurdo,

e não fugir do inexplicável,

do obscuro e do insondável,

e dos vultos da madrugada,

pois que por detrás deles 

não há nada

que não seja tua alma

velando os teus segredos

até a tua chegada!


sábado, 22 de agosto de 2020

Sobre Caminhos...


Tem caminhos que se acha,
tem também caminhos
que nos acham...

Mas eu acho que tem 
caminhos que se acha dentro,
depois de muitas jornadas, 
e não nos deixam mais...

Esses caminhos todos,
quando verdadeiros,
nos transformam e
transformam a vida,
desenhando novas 
trilhas para outros
caminhantes...

terça-feira, 18 de agosto de 2020

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Conflito



E então a mente disse ao coração:
por que não me deixa?
E o coração respondeu: 
e por que não me abraça?

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Encantamento da Chuva...



A chuva escorre como um verso que se alonga 
de muito longe nas alturas do céu,
do berço de nuvens aonde vinha
preguiçosa, até se esparramar
toda no chão...

A chuva tem música e poesia, e tem saudade
também... Tem bolinhos de frigideira 
com canela e açúcar, e o carinho
de tardes distantes que me
entorpecem de sono...

A chuva tem histórias que entram na noite,
e tem encantos e assombros de árvores
mágicas, em florestas escuras, onde 
filhotes de lobos e corujas 
dormem com suas mães.

A chuva tem aconchego, e tem até barcas de ventania
onde o perfume cheiroso de ervas distantes
fluem, do fundo da floresta dos sonhos,
e recaem sobre nossa melancolia...
A chuva não é de água...

É de Magia...!

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Saudades Tuas...




In Memoriam à minha avó Irma Maria

O teu silêncio é vivo de lembranças
e de encantos,
de cheiro de amor
e cor de saudade,
de bolo de laranja,
de milho,
e banana...

Sinto a longa trilha
da nossa ancestralidade mágica
pulsar em mim, e aspirar aos céus
tornando-se do azul claro das manhãs
ao azul intenso das madrugadas,
e sinto que no teu alento de estrelas
rezas por mim, e me desejas
um bom dia,
como era todos os dias,
quando saio de manhã...

quarta-feira, 8 de abril de 2020

União...



Planto por sobre cada casa 
da quarentena
uma Luz de oração,
e um fio de estrela
ligado ao infinito...

Para que nunca 
se faça esquecido
que eu sou uno com todos,
e todos comigo,
e mesmo longínquos
somos todos irmãos
resumidos
dentro da mesma casa...

terça-feira, 31 de março de 2020

Lamento...



Te desenho paisagens
De Amor com as palavras que lês,
Mas não vês

Sangro meus dias
A verter poesia
Que te encante e me revele,
Mas não lês...

Aceno do alto dos meus sonhos,
Escrevo e lanço às nuvens teu nome,
Mas não vens...

Oro, sussurro, evoco e conclamo
Teu Amor nas profundezas de mim...
Sem fim...

Mas não lês, não vês, não vens
E enfim, longe de mim, nem sabes
As flores que abres no meu jardim...

Vigílias

As portas abertas estão sempre à espera de algo... Deixo minha porta da cozinha sempre aberta à luz do dia, ao vento furtivo, à visita d...