quarta-feira, 23 de maio de 2018
História para Ninar...
"Vive dentro da noite os monstros e os fantasmas,
e nos contos de cuca, e das almas penadas
que balançam cadeiras vazias nas casas,
onde vivem velhas insones e malvadas
Que guardam criancinhas nos cômodos ocos
a ranger de medo dentes cerrados, e nada
se ouve de fora apesar dos seus muitos socos
nas paredes do quarto ao pé daquela escada..."
"Agora chega!" nos diz à beira da cama
mamãe que havia nos atendido para
nos contar uma história bem estranha
Sobre coisas que não se imagina, mas se ama
ouvir e tremer do medo que nos encara
quando as garras da imaginação nos apanha...
terça-feira, 3 de abril de 2018
Amor de Chuvarada...
Para quem corria debaixo dela
era chuva, molhada, persistente, chata!
Para o poeta era poesia escorrendo
em versos, em rimas difusas, em fluxo
ritmado pelas alamedas.
Para o transeunte era um rio urbano
que encharcava sapatos...
Mas assim é o mundo dos poetas.
É como o Amor dos outros, bonito
pra quem sente, e enjoado pra quem olha;
melado, grudento, exagerado!
Mas quem ama... Levita!
quarta-feira, 17 de janeiro de 2018
Lonjuras da Memória...
À minha vó Maria... In Memoriam
Havia sempre livros na mesa,
mas quando eu chegava ela estava
com a tevê sempre ligada, mas nunca
na frente dela, nunca a ela presa...
Conversava com a vizinha dos fundos,
olhava, às vezes, absorta o parreiral...
À noite mergulhava nos livros...
Foi com ela que aprendi a voar
com o invisível!
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
Interlúdio Vazio...
O suspiro do tempo nos olhos dos gatos
que miram o vazio com absoluta atenção,
e nos olhos dos velhos que fitam o longe
e o firmamento....
Pra onde vão seus pensamentos?
E os nossos pensamentos para onde irão?
O suspiro do tempo naquela esquina
onde o sol se inclina antes de encerrar
mais um dia...
Ai que me dói esses
suspiros do tempo...!
Mas e o tempo? Suspirará mesmo
por quem?
terça-feira, 14 de novembro de 2017
Encontro Sobrenatural
A rua estreita iluminada
com luares que enfeitavam
de outros ares a viela urbana,
que assim preenchida
de um silêncio antigo,
guardava um pouco
da infância do tempo
e do mundo, inaudível
e invisível aos sentidos
de quem havia viciado
em máquinas...
E como isso inclui
a maioria da humanidade,
ficamos eu e a ruazinha
a contemplar o infinito
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Destino
Vejo nas pessoas os arcanos
que aguardam decifração,
elucidação, tradução e respectivo
entendimento de si para si mesmo...
E é justo essa a minha nobre e sóbria
missão, a de esclarecer o enigma
dentro do intrínseco silêncio
do qual nos alienamos, até
não ser mais possível qualquer
alienação...
Eu sou o encontro dos caminhos,
o mensageiro que de dentro
da caixa de pandora
extrai a luz antes da escuridão.
O Jardim das Delicadezas
Eu vivo nessa pulsação
com as coisas simples deste mundo
O cheiro do café passado
nas manhãs,
o canto dos sabiás
entre setembro e outubro,
o silêncio da noite,
os caminhos inexplorados
das ruas que eu cruzo,
a solidão das esquinas,
a chegada da chuva,
a sonata das trovoadas,
o perfume da terra...
E a honradez do espinheiro,
que floresce mesmo
que ninguém o ame...
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