De repente percebi que o exercício do amor deve ser praticado com tudo, e de todos os modos sobre todas as coisas. Se ampliarmos a nossa capacidade de amor e de amar, de ver o belo e a gentileza em todas as coisas, quem sabe se ache o amor na forma mais bonita e inesperada possível... Comece caçando a beleza que ninguém vê e vá amando as pequenas coisas que não se espera no dia-a-dia. Eu amo, por exemplo, as 17 horas, que no verão traz o frescor da tarde e no inverno o colo aconchegante da noite. Eu amo a beleza melancólica dos gatos quando se põem a olhar o infinito, como se estivessem esperando algo que nós nem imaginamos. Eu amo as crianças na garupa dos pais, abraçando suas cabeças com sorrisos de alegria, orgulho e espanto com a altura que atingem. Eu amo a chuva, o jacarandá florido, as luminárias antigas entre as árvores nas ruas dos bairros históricos. Amo bolos de laranja, amo minhas primas e primos, amo as mães que saem de mãos dadas com seus filhos pequenos fazendo planos para quando chegarem em casa. Amo avós que ardem de saudades dos netos, amo cães que abanam as caudas para estranhos, amo sabiás em outubro, e versos lidos a noite... Eu amo tantas coisas que não sabem do meu amor... Mas não importa, vou amando-as e sobre cada uma vou dizendo "Deus te abençoe! Obrigado! Que lindo!" E vou descobrindo todos os dias outras coisas para amar, e me sentindo grato por cada novo amor que me conduz ao grande Amor!
