terça-feira, 13 de maio de 2014

Desencontro



Sou um vestígio de mim que se foi deixando,
que se foi esvaecendo pelas horas, sombra
pálida dos dias, cinza das brumas, lágrima
perdida num temporal, suspiro afogado no
grito mais alto dos mais desesperados! 
Peito sem abraços, cansaço sem aconchego, 
um cuidador carente de cuidados...

Nódoa de esperança onde antes haviam sonhos,
buracos negros de alma onde antes haviam olhos,
caminhos errantes, mãos estendidas e para sempre
clamando por suporte, por acolhida. Um silencioso
deserto árido onde antes haviam lábios e versos.
Vazio onde antes havia uma família, e paz, e amigos.
Onde, afinal, eu terei perdido esse caminho até mim?


Um comentário:

  1. Somos sempre oásis no deserto de caminhos alheios, mas, às vezes, nos transformamos em deserto, de humanos e peregrinos da vida. O caminho também se perde, ressecando temporariamente o manancial interno. A aridez é também caminho, pois é nela que compreendemos verdadeiramente o quanto uma pequena gota de água pode ser importante para salvar da sede um coração.
    Um abraço, querido e muita Luz em sua jornada!

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