segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Interlúdio de Verão




Entre versos encarcerados abre as asas o meu pensamento.
Deitam-se sobre os arrulhos das pombas as rimas do vento...

O dia abre também os seus braços, e o sol em vestes de ouro
esparrama-se sobre os telhados numa carruagem azul...

Mas o calor deixa tudo tão triste, só tenho vontade de dormir!


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Aspiração Poética...



Eu queria que a poesia curasse feridas 
e abrisse canteiros de flores nos corações desertos
e desenhasse sorrisos nas caras sérias
e afogasse a saudade nos corações apertados,
que matasse a fome dos famintos,
que calçasse os pés dos que não tem sapatos,
que agasalhasse os que tem frio,
e desse amor e prazer aos solitários!

Mas a minha maior tristeza, e sinto
que seja essa a dor de todos os poetas,
é que não sabemos escrever assim...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O Bóris Chegou no Céu...


In Memorian ao meu filho felino, Bóris.

O Bóris chegou no céu e viu o grande portão fechado.
Esperou um pouco ali sentado, as orelhas curiosas eretas,
a cabeça reclinada parecia perguntar "Como?", e então 
pôs-se a cavar debaixo do portão puxando-o
como fazia com as portas aqui de casa. Fazia um barulhão!
Como um tipo impaciente batendo...
E veio São Pedro assustado, correndo
"O que é isso?" e então abre e olha,
vê um gatinho dourado com branco...

Sentadinho de novo o Bóris
olha com uma doçura imensa e lança
um miadinho fraco, quase mudo...
Então São Pedro diz "Ah meu filho 
entra logo! Onde quer ficar?

O Bóris entra, roça a cabeça peluda na túnica
do velho Pedro, e de rabo erguido
vasculha o céu todinho até que vê 
uma nuvem branca felpuda
e escolhe que é ali que vai ficar!

E era justo onde São Pedro descansava
e onde estava até a pouquinho!
Ele sobe, deita, sem dor nem cansaço,
nem dói mais a sua barriguinha!

São Pedro deita também e o Bóris
aos pés dele, como fazia com a gente
aqui em casa, descansa pra sempre
sonhando com a nossa chegada!

Sobre a Luz

O Sol é a luz que dentro da consciência espera o despertar do eu mais profundo, que alheio a tudo que disseram vem ao mundo, pleno ver...