Que não nos vençam esses caminhos
crivados de dor e ausências, esvaziados
de abraços, lembranças e sonhos
e de memórias ancestrais...
De risos por nada, de gentilezas
simplesmente esparramadas
para o outro, sobre o outro,
de muito amor dado de graça...
Mas tais caminhos de amor
nunca foram trilhados, foram só sonhados
nunca foram trilhados, foram só sonhados
(eu sei que vós todos me direis),
tu és poeta e não sabes de nada!
Tais coisas nunca houveram, nem haverão...
Tudo o que temos é o que sonham
os outros que anseiam esses sonhos...
Mas como são loucos, nunca os seguirão...
São bonitos e loucos, mas são tão poucos
os que sonham tais sonhos que nos resta
chamar de loucos esses que assim como tu
anseiam tais coisas, tão simples e puras,
mas que nunca existiram, nem existirão...
Mas enfim, faz parte de mim, e dessa sina
de escrever sonhando o que anseia
essa voz íntima, que toca as outras vozes
secretas que habitam os outros corações
que, apesar de empedernidos, se enlevam
e suspiram baixinho comigo ao lerem
meus versos... A esses dedico o meu
sagrado ofício de desenhar os caminhos
que os sonhadores do futuro realizarão!
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