sexta-feira, 3 de agosto de 2012

As Vozes Perdidas

Um dia minha tia Fátima veio me falar de ter encontrado uma antiga gravação em k7 onde eu e minha irmã brincávamos de fazer entrevistas.

Eu já tinha lá meus 17 anos e lembro-me de ter perguntado “E aí, como estava a gravação?” ao que ela respondeu “Ah, só ouvi umas risadas e umas perguntas que não entendi... Depois as vozes sumiram e só restou um chiado...” fiquei pensando na época “Onde foram nossas vozes?” Imaginei que atiradas ali na velha caixa de plástico do k7, as vozes daquelas duas crianças órfãs de mãe, que enfim riam, saíram por aí procurando outras lembranças menos doloridas de lembrar. 

E hoje, depois de tanto tempo, e já que tudo se foi, inclusive minha tia Fátima, eu me peguei pensando nelas e rezando também!... Tomara que elas continuem rindo, e que tenham aprendido a cantar canções de amor de uma outra infância, uma infância mais feliz de se sonhar. Que tenham encontrado no reino do abstrato outra mãe que as acarinhe em seus braços, e que tenham com ela longas entrevistas amorosas que se estenderão pelos tempos... E para sempre!


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