Se me perguntam o que mais gosto
com a chegada do frio,
eu digo que são as mesas e as horas do café,
As cozinhas que cozinham e aquecem,
e por fim nutrem.
As janelas também, sobretudo
as que dão para ruas com suas árvores,
ou que trazem súbitos ventos frios,
ou que revelam místicas neblinas
nas manhãs, ou chuvas
(cada vez mais sagradas) pelas tardes...
Tem algo nessas coisas do frio
que me aquecem, e aconchegam
ao ponto de extrair de mim poesia
ou essas reflexões que não sei de onde vêm
ou para onde vão,
e muito menos se servem a alguém.