terça-feira, 22 de setembro de 2015

Caminhante



É preciso pagar o aluguel
até desabitar o próprio corpo

E pagar a luz e a água até
esvair-se a nossa própria energia

É preciso tomar cuidado nas ruas
até a liberdade tornar-se um sonho

É preciso acreditar nos fatos
até o ponto da nossa própria loucura

Enquanto isso vamos ficando
cegos, cada vez mais, de estrelas

Vamos ficando surdos de elogios,
de poesia, e gentilezas...

Vamos ficando mudos de cortesia,
de incentivo, e interesse mútuo...

E assim caminhamos todos os dias
extinguindo a humanidade do Mundo...

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Metamorfose...



Só sei que envelheço
e que a velhice está me tornando subversivo.
Ando tonto de sonhar meus sonhos...
E sonho em descumprir as minhas regras!
Como todos forcei-me a ser certo e preciso
naquelas coisas que nos dão o pão.
No trabalho desabrochei talento,
nos horários exatidão.
Cumpro agendas e a palavra...
Sorrio, cumprimento e, de vez em quando,
me espremo na solidão para escrever uns versos...
Que dizer de mim? Sou velho! Sou gordo...!
Mas inspirado, letrado e profundo, 
cortês e até engraçado! Às vezes choro sozinho,
mas nem sempre de medo, de tristeza, ou de
solidão! Às vezes choro só por beleza...
Sempre foi de minha essência
- Próprio da minha natureza -
ser sensível às coisas do coração...
Mas o tempo anda assim
me deixando mais e mais maluco,
menos covarde... E às vezes até
eu atraso alguns minutos...

Vigílias

As portas abertas estão sempre à espera de algo... Deixo minha porta da cozinha sempre aberta à luz do dia, ao vento furtivo, à visita d...