quarta-feira, 17 de junho de 2015

Sensatez



Pessoas sensatas não são coisa rara não,
brotam da terra como pedras, e como elas são.

Os sensatos abraçam religiões para se sentirem
mais amados, incluídos e próximos de Deus,

Ou viram ateus só pra se sentirem mais livres,
ou mais inteligentes... Coisa que nunca serão!

Os sensatos adoram grupos, igrejas, agremiações,
associações, estatísticas, dados, e comprovações.

E creem de todo o coração que só serão mais felizes
se emagrecerem, enriquecerem ou conhecerem Paris!

O sensatos creem em coisas absurdas, como nos
comerciais de televisão, e em seus apresentadores...

Em marcas de grife, e só no que os olhos veem...
Sensatos assim se definem, pois amam definições!

Os sensatos são um tipo bem comum de medíocre,
que se alastra pelo mundo e arrasa a humanidade!

Agonia




Chovia e chovia
e ninguém reparou
em cada poça d'água
a agonia de quem
busca em vão
pelo luar...

terça-feira, 9 de junho de 2015

Apenas um Guarda-Chuva...



Era só um guarda-chuva
que andava comigo já há algum tempo.
Não sei como foi,
lembro que levantei, falei com o condutor,
vi minha parada, ergui sacolas e saí...
E ele ficou lá, enganchado no corrimão...

Minha intenção não era abandoná-lo,
era só cuidar de mim, das coisas, 
muitos compromissos, e simplesmente segui, 
e mesmo sem querer parti...
Deixei-o só para uma viagem rumo ao desconhecido.

E agora fico cá pensando o que pensaria, se pensasse,
o meu guarda-chuva? "Ué? Onde ele vai?
Tá saindo...? E eu aqui?"

E ao me ver resolutamente descendo:
"Ai, ai... Acho que logo virá atrás de mim.
Ah vai sim, logo percebe que me deixou e volta..."

Ao ver que não voltei, e nem voltaria:
"O que será que eu fiz? Ele não quis
me levar consigo, me deixou sozinho...
O que será de mim...?

E só consigo visualizar isso.
Pobre guarda-chuva...
Talvez ande em mãos 
mais benevolentes agora 

Ou talvez apodreça debaixo da chuva, no lixo.
Sem condições de cuidar de si,
vive o coitado, sem abrigo, nem lar, nem função...
E quem há de ser de um guarda-chuva amigo?

Assim deixei, e me deixou, o meu guarda-chuva
a sonhar sozinho sobre todos os abandonos do mundo!

terça-feira, 2 de junho de 2015

Serões da Madrugada



Veio a neblina com seu manto,
e o vento deslizando por sobre
o assoalho de estrelas da noite...

Lá e cá um murmúrio do vento,
o latido de um cão conversando
com o infinito... O suspiro mudo
de uma estrela, a cantoria dos
gatos... Um e outro poeta com
os seus gemidos...

O salão da noite em seu baile
costumeiro abriu a senda
de outra aventura, de encanto
e nostalgia. De Amor, desejo,
loucura e poesia...! Anseios,
sonhos, inspirações e a agonia,
indissociável, do encanto e da magia...

Água Marinha



Jaz aqui, nesse lago
de águas escuras e frias,
a pedra dura do meu 
coração afogado...

Ficou duro, áspero e
esverdeado... Virou
uma água marinha,
cujo olhar dos inocentes
vê beleza e certa harmonia.

Ofereço-te este meu coração,
semi joia afogada num lago
de águas escuras e frias, que 
virou beleza sem alegria...

Andanças do Frio



O frio enlaça as mãos
dos que se amam.

Seca os lábios
dos que não beijam.

Abraça o coração de pedra
dos que não creem em nada.

O frio reúne os amigos
nas mesas dos cafés.

Faz encher de burburinhos
o vento pelos calçadas...

Reúne na esquina o vazio,
e a fala dos fantasmas...

Aquece lembranças e amores,
e os corpos nos cobertores

E morre, docemente, numa
xícara bem quente de chá...

Vigílias

As portas abertas estão sempre à espera de algo... Deixo minha porta da cozinha sempre aberta à luz do dia, ao vento furtivo, à visita d...