terça-feira, 31 de março de 2015

Soneto das Divagações



Versos de outrora guiam meus passos agora
por sendas escuras e tão misteriosas,
que sonho que vago por dias e por horas
sem brilho, ou em divagações tão viçosas

Que confundem realidade e devaneios,
não sei se estou aqui ou dentro das vagas viscosas
das angústias antigas e dos anseios
que se me parecem paisagens nebulosas...

Escapo pela senda mágica do agora!
Que o passado fique onde ele deveria
não é regaço, nem tão pouco hospedaria

É uma estrada que logo logo fica vazia
depois que se planta e se colhe do que se cria,
matando de sede quem dele não vai embora!

quinta-feira, 5 de março de 2015

Autorretrato



Quando eu conheci a poesia,
foram os *Quintanares
que me arremessaram
às alturas e me arrancaram
suspiros,
sonhos,
versos,
e visões...

Depois segui sempre sonhando
que um dia escreveria assim:
sobre ruazinhas desertas,
musas do passado, cartazes
abandonados de circo...

Mas eu sou um bicho estranho
que sonha com florestas escuras,
e criaturas míticas...

E que flerta com o absurdo
e o imaginário...
E o que é mágico 
é natural para mim!
Eu que repudio o lógico,
o científico, o certo, 
o sensato e a convenção...

Eu nasci com o coração no passado,
os olhos no futuro, os pés no agora
e a cabeça no infinito...
Que esquisito!... Né?

*Nome dado por Manuel Bandeira aos versos de Mario Quintana.

Vigílias

As portas abertas estão sempre à espera de algo... Deixo minha porta da cozinha sempre aberta à luz do dia, ao vento furtivo, à visita d...